sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Lembranças


 "Tem dias que a gente se sente/ Como quem partiu ou morreu/A gente estancou de repente/Ou foi o mundo então que cresceu"...

Sempre adorei uma música, principalmente, se boa, agradável, sensível, harmoniosa, melódica! Fui criada  em ambiente musical. Minha mãe era contralto, sou mezzo soprano e em casa todos somos afinados e gostamos de música. Lembro-me de que, ao ouvir uma clássica, ela identificava o compositor. Era uma mulher brilhante! Baixa, olhos expressivos, quando moça foi bastante bonita! Inteligente, sem estudo, ledora e cinéfila. Tenho a quem puxar! Não concluiu seus estudos, porque alguns anos antes de ir para o internato, perdeu uma irmã durante a famosa gripe espanhola! Meu avô, receoso de perder a segunda filha, deu-lhe um outro tipo de educação: tocava bandolim, costurava admiravelmente bem, cozinhava os mais deliciosos pratos, bordava, criou junto a meu pai seus sete filhos e todos se formaram e bem! Nós três últimos, fomos considerados gravidez de risco. Era muito devota e afirmava que se Deus lhe enviou os filhos, um jeito Ele daria para que sobrevivessem.

Sou a sexta! Imaginem, após cinco, numa família pobre! Mamãe não era dessas mulheres beijoqueiras,de muito chamego, mas conquistava a todos com seu alto grau de espiritualidade. Proseava com facilidade e transitava em todos os assuntos com firmeza e segurança. Era de trabalhar demais, fazia tachos de goiabada, doces de abóbora cristalizados, pães recheados, broas maravilhosas e um tutu de dar água na boca! Infelizmente não nos ensinou nada ou nós não sentimos o prazer de aprender. Agradava oferecendo-nos pratos deliciosos.

Aos 89 anos ficou cega e viveu até os 93 na escuridão e de nada reclamava. A princípio sentiu muito, depois penso que se habituou, como somente os idosos com sua sabedoria sabem fazer. Recordo-me dela com clareza e muita saudade. Tínhamos nossas desavenças, porém ela não deixava que ninguém fosse dormir com raiva um do outro, tanto que até hoje seguimos essa lição. Adorava fruta-de-conde, manga, água (nunca bebeu um refri na vida, dizia que não gostava), macarronada e de uma boa feijoada. Gostava de uma comidinha simples.

No último dia de sua vida, ainda lúcida, queria 'degustar' frango. À noite, antes de passar mal, ela o provou. Não queria ir para a UTI, mas nessa hora sua vontade não foi feita, apesar de muito paparicada por toda família. Era a matriarca. Internou-se às 19h e, no dia seguinte, após eu entregá-la, partiu serenamente.

É triste se saber órfã! É triste não ter a quem chamar de papai ou mamãe, quando se chega de uma viagem, da rua, ou mesmo pedir sua opinião numa decisão importante. E quando se tem algo, uma palavra do fundo do coração nos encoraja! Lidar com as perdas não é fácil, temos que enfrentá-las.

Hoje a melancolia está impregnada em mim. Talvez seja o tempo, abafado, talvez seja o cansaço da físio, talvez o encontro com o médico, meio preocupado. Não sei, só sei que Chico retratou, mesmo em tempos diferentes, o jeito que me sinto agora!

Lembrei-me de mamãe e do que escreveu Drummond..Por que Deus permite/ que as mães vão-se embora?/ Mãe não tem limite,/ étempo sem hora/ luz que não apaga/ quando sopra o vento/ e chuva desaba,/ veludo escondido/ na pele enrugada,/ água pura, ar puro,/ puro pensamento./ Morrer acontece/ com o que é breve e/ passa/ sem deixar vestígio./ Mãe na sua graça,/ é eternidade./ Por que Deus se lembra-mistério profundo-/ de tirá-la um dia?/ Fosse eu Rei do Mundo,/ baixava uma lei:/ Mãe não morre nunca,/ mãe ficará sempre/ junto de seu filho/ e ele, velho embora,/ será pequenino/ feito grão de milho.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Há paz dentro de mim...



Pela manhã saí para ir ao médico. Exames de rotina que a gente faz todo final de semestre, comigo acontece assim, sei das doenças hereditárias e é melhor prevenir que remediar! Voltei, como sempre faço, andando devagar e observando tudo a minha volta. Ao passar, entretanto, em frente à Igreja do Rosário, ouvi o toque do sino. Era meio-dia! Algo me pediu que adentrasse a igreja. Havia pessoas rezando. Cortando o silêncio que se nota nas igrejas. Uma reza serena. Um grupo pequeno, porém, via-se nele um fervor muito grande. Sou católica, fervorosa e, embora nao seja de frequentar assiduamente a missa, faço minhas orações com fé. A oração me faz bem, sereniza meu ser, afasta-me dos males. E é minha opção de vida. Viver em oração! Naquele instante comecei a rezar com o grupo. Senti-me entre amigos. Havia partilha e cada um dizia suas intenções e comentava sobre seus problemas. Quanta humildade em cada um. Pedir proteção ao Pai é difícil, exige muita renúncia, porque muitas vezes, achamos que nos bastamos. Leio muito sobre pessoas indagando sobre a existência de Deus! Para mim, não há dúvidas de que Ele existe e acontecem milagres. Sou um milagre, desde o momento em que nasci. Nada tenho contra os deterministas, nem contra o pensamento de quem quer que seja. Religião é um assunto perigoso de se tratar e confesso que estou imbuída de tranquilidade para falar de Deus. Também sinto pesar por que muitos não acreditam nEle, porque a presença dEle dentro de nós é inexplicável! Misturam-se sentimentos de paz, felicidade, consolação, calmaria, perseverança, bondade e tantos outros valores cristãos de que não me recordo agora nesse momento em que escrevo. Agradeço a Ele todos os dias pelas pessoas que oraram e continuam orando por mim. Não é segredo para ninguém que tive um tumor ósseo, na cabeça do úmero e graças a Deus estou livre do câncer! Isso não é uma graça? Fiquei com sequelas, mas nada se compara a tantos outros sofrimentos que se vê no mundo de hoje. Jovens sem metas, adultos vazios, idosos abandonados, ausência de união nas famílias, drogas de qualquer tipo invadindo pessoas de todas as idades, miséria humana no sentido literal, desconfiança em governos corruptos, carinho de menos, agressões de mais, rostos sérios, sorrisos distantes. Aí me lembro dos versos de Chico" A felicidade mora tão vizinha que até pensei que fosse minha". Eu não penso que 'fosse', ela é realmente minha. E tenho convicção de que cada um tem seu quinhão! Acredito em Deus. Ele está comigo neste momento! Amém!

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Preguiça

Não sei onde se encontra minha coragem e liberdade para continuar em meus escritos. Encontram-se escondidas debaixo de algum velho baú que se recusa a se abrir por pura preguiça. Não sei se alguém a sente, mas em mim, talvez, pelo excesso de calor, ela se instalou! Luto contra ela. Dizem que há alguns bichos ferozes dentro de cada um de nós e que devemos matar um leão por dia. Não consigo matar um mosquito, quanto mais um leão! hahaha! E a preguiça, aquele animalzinho que sobe devagar uma árvore e, por incrível que pareça, consegue? É o exemplo da perseverança. Em uma vida cheia de afazeres, sentir preguiça não é pecado. Há pecados maiores, o de não viver bem e com qualidade. A preguiça serve como desculpa para não se fazer algo que eu considero 'bobo', mas o que é sério, não deixo de fazer e a preguiça, nesse caso, não me pega. Mas o que é sério? Para mim, ter responsabilidade comigo mesma e com os outros. Há uma coisa que não me incomoda em nada, esperar. Sou como a peguiça, lenta pra tudo. Para me levantar, tomar meu café, aprontar-me para sair, andar pelas ruas e até para cozinhar um arroz. A preguiça, animal, dá-me lições de vida. Não se incomodar com a opinião alheia. Diria mais. Não se incomodar com quem me incomoda, aquelas pessoas que são o contrário de mim! A preguiça, assim como a raposa, são animais que convivem, como o cão e o gato, embora possa parecer o contrário! Curto, então, minha peguiça e espero algum texto que se empurra por meio da transpiração e ele mesmo dá o tom de como deve ser.

sábado, 14 de novembro de 2009



Sotaque mineiro: é ilegal, imoral ou engorda?
Felipe Peixoto Braga Netto

''Minas não é palavra montanhosa.
É palavra abissal. Minas é dentro
E fundo”

Carlos Drummond de Andrade



Gente, simplificar é um pecado. Se a vida não fosse tão corrida, se não tivesse tanta conta para pagar, tantos processos — oh sina — para analisar, eu fundaria um partido cuja luta seria descobrir as falas de cada região do Brasil.

Cadê os lingüistas deste país? Sinto falta de um tratado geral das sotaques brasileiros. Não há nada que me fascine mais. Como é que as montanhas, matas ou mares influem tanto, e determinam a cadência e a sonoridade das palavras?

É um absurdo. Existem livros sobre tudo; não tem (ou não conheço) um sobre o falar ingênuo deste povo doce. Escritores, ô de casa, cadê vocês? Escrevam sobre isto, se já escreveram me mandem, que espero ansioso.

Um simples" mas" é uma coisa no Rio Grande do Sul. É tudo menos um "mas" nordestino, por exemplo. O sotaque das mineiras deveria ser ilegal, imoral ou engordar. Porque, se tudo que é bom tem um desses horríveis efeitos colaterais, como é que o falar, sensual e lindo (das mineiras) ficou de fora?

Porque, Deus, que sotaque! Mineira devia nascer com tarja preta avisando: ouvi-la faz mal à saúde. Se uma mineira, falando mansinho, me pedir para assinar um contrato doando tudo que tenho, sou capaz de perguntar: só isso? Assino achando que ela me faz um favor.

Eu sou suspeitíssimo. Confesso: esse sotaque me desarma. Certa vez quase propus casamento a uma menina que me ligou por engano, só pelo sotaque.

Mas, se o sotaque desarma, as expressões são um capítulo à parte. Não vou exagerar, dizendo que a gente não se entende... Mas que é algo delicioso descobrir, aos poucos, as expressões daqui, ah isso é...

Os mineiros têm um ódio mortal das palavras completas. Preferem, sabe-se lá por que, abandoná-las no meio do caminho (não dizem: pode parar, dizem: "pó parar". Não dizem: onde eu estou?, dizem: "ôndôtô?"). Parece que as palavras, para os mineiros, são como aqueles chatos que pedem carona. Quando você percebe a roubada, prefere deixá-los no caminho.

Os não-mineiros, ignorantes nas coisas de Minas, supõem, precipitada e levianamente, que os mineiros vivem — lingüisticamente falando — apenas de uais, trens e sôs. Digo-lhes que não.

Mineiro não fala que o sujeito é competente em tal ou qual atividade. Fala que ele é bom de serviço. Pouco importa que seja um juiz, um jogador de futebol ou um ator de filme pornô. Se der no couro — metaforicamente falando, claro — ele é bom de serviço. Faz sentido...

Mineiras não usam o famosíssimo tudo bem. Sempre que duas mineiras se encontram, uma delas há de perguntar pra outra: "cê tá boa?" Para mim, isso é pleonasmo. Perguntar para uma mineira se ela tá boa, é como perguntar a um peixe se ele sabe nadar. Desnecessário.

Há outras. Vamos supor que você esteja tendo um caso com uma mulher casada. Um amigo seu, se for mineiro, vai chegar e dizer: — Mexe com isso não, sô (leia-se: sai dessa, é fria, etc).

O verbo "mexer", para os mineiros, tem os mais amplos significados. Quer dizer, por exemplo, trabalhar. Se lhe perguntarem com o que você mexe, não fique ofendido. Querem saber o seu ofício.

Os mineiros também não gostam do verbo conseguir. Aqui ninguém consegue nada. Você não dá conta. Sôcê (se você) acha que não vai chegar a tempo, você liga e diz:

— Aqui, não vou dar conta de chegar na hora, não, sô.

Esse "aqui" é outro que só tem aqui. É antecedente obrigatório, sob pena de punição pública, de qualquer frase. É mais usada, no entanto, quando você quer falar e não estão lhe dando muita atenção: é uma forma de dizer, olá, me escutem, por favor. É a última instância antes de jogar um pão de queijo na cabeça do interlocutor.

Mineiras não dizem "apaixonado por". Dizem, sabe-se lá por que, "apaixonado com". Soa engraçado aos ouvidos forasteiros. Ouve-se a toda hora: "Ah, eu apaixonei com ele...". Ou: "sou doida com ele" (ele, no caso, pode ser você, um carro, um cachorro). Elas vivem apaixonadas com alguma coisa.

Que os mineiros não acabam as palavras, todo mundo sabe. É um tal de bonitim, fechadim, e por aí vai. Já me acostumei a ouvir: "E aí, vão?". Traduzo: "E aí, vamos?". Não caia na besteira de esperar um "vamos" completo de uma mineira. Não ouvirá nunca.

Na verdade, o mineiro é o baiano lingüístico. A preguiça chegou aqui e armou rede. O mineiro não pronuncia uma palavra completa nem com uma arma apontada para a cabeça.

Eu preciso avisar à língua portuguesa que gosto muito dela, mas prefiro, com todo respeito, a mineira. Nada pessoal. Aqui certas regras não entram. São barradas pelas montanhas. Por exemplo: em Minas, se você quiser falar que precisa ir a um lugar, vai dizer:

— Eu preciso de ir.

Onde os mineiros arrumaram esse "de", aí no meio, é uma boa pergunta. Só não me perguntem. Mas que ele existe, existe. Asseguro que sim, com escritura lavrada em cartório. Deixa eu repetir, porque é importante. Aqui em Minas ninguém precisa ir a lugar nenhum. Entendam... Você não precisa ir, você "precisa de ir". Você não precisa viajar, você "precisa de viajar". Se você chamar sua filha para acompanhá-la ao supermercado, ela reclamará:

— Ah, mãe, eu preciso de ir?

No supermercado, o mineiro não faz muitas compras, ele compra um tanto de coisa. O supermercado não estará lotado, ele terá um tanto de gente. Se a fila do caixa não anda, é porque está agarrando lá na frente. Entendeu? Deus, tenho que explicar tudo. Não vou ficar procurando sinônimo, que diabo. E não digo mais nada, leitor, você está agarrando meu texto. Agarrar é agarrar, ora!

Se, saindo do supermercado, a mineirinha vir um mendigo e ficar com pena, suspirará:

— Ai, gente, que dó.

É provável que a essa altura o leitor já esteja apaixonado pelas mineiras. Eu aviso que vá se apaixonar na China, que lá está sobrando gente. E não vem caçar confusão pro meu lado.

Porque, devo dizer, mineiro não arruma briga, mineiro "caça confusão". Se você quiser dizer que tal sujeito é arruaceiro, é melhor falar, para se fazer entendido, que ele "vive caçando confusão".

Para uma mineira falar do meu desempenho sexual, ou dizer que algo é muitíssimo bom (acho que dá na mesma), ela, se for jovem, vai gritar: "Ô, é sem noção". Entendeu, leitora? É sem noção! Você não tem, leitora, idéia do tanto de bom que é. Só não esqueça, por favor, o "Ô" no começo, porque sem ele não dá para dar noção do tanto que algo é sem noção, entendeu?

Ouço a leitora chiar:

— Capaz...

Vocês já ouviram esse "capaz"? É lindo. Quer dizer o quê? Sei lá, quer dizer "tá fácil que eu faça isso", com algumas toneladas de ironia. Gente, ando um péssimo tradutor. Se você propõe a sua namorada um sexo a três (com as amigas dela), provavelmente ouvirá um "capaz..." como resposta. Se, em vingança contra a recusa, você ameaçar casar com a Gisele Bundchen, ela dirá: "ô dó dôcê". Entendeu agora?

Não? Deixa para lá. É parecido com o "nem...". Já ouviu o "nem..."? Completo ele fica:

- Ah, nem...

O que significa? Significa, amigo leitor, que a mineira que o pronunciou não fará o que você propôs de jeito nenhum. Mas de jeito nenhum. Você diz: "Meu amor, cê anima de comer um tropeiro no Mineirão?". Resposta: "nem..." Ainda não entendeu? Uai, nem é nem. Leitor, você é meio burrinho ou é impressão?

A propósito, um mineiro não pergunta: "você não vai?". A pergunta, mineiramente falando, seria: "cê não anima de ir"? Tão simples. O resto do Brasil complica tudo. É, ué, cês dão umas volta pra falar os trem...

Certa vez pedi um exemplo e a interlocutora pensou alto:

— Você quer que eu "dou" um exemplo...

Eu sei, eu sei, a gramática não tolera esses abusos mineiros de conjugação. Mas que são uma gracinha, ah isso lá são.

Ei, leitor, pára de babar. Que coisa feia. Olha o papel todo molhado. Chega, não conto mais nada. Está bem, está bem, mas se comporte.

Falando em "ei...". As mineiras falam assim, usando, curiosamente, o "ei" no lugar do "oi". Você liga, e elas atendem lindamente: "eiiii!!!", com muitos pontos de exclamação, a depender da saudade...

Tem tantos outros... O plural, então, é um problema. Um lindo problema, mas um problema. Sou, não nego, suspeito. Minha inclinação é para perdoar, com louvor, os deslizes vocabulares das mineiras.

Aliás, deslizes nada. Só porque aqui a língua é outra, não quer dizer que a oficial esteja com a razão. Se você, em conversa, falar:

— Ah, fui lá comprar umas coisas...

— Que' s coisa? — ela retrucará.

Acreditam? O plural dá um pulo. Sai das coisas e vai para o que.

Ouvi de uma menina culta um "pelas metade", no lugar de "pela metade". E se você acusar injustamente uma mineira, ela, chorosa, confidenciará:

— Ele pôs a culpa "ni mim".

A conjugação dos verbos tem lá seus mistérios, em Minas... Ontem, uma senhora docemente me consolou: "preocupa não, bobo!". E meus ouvidos, já acostumados às ingênuas conjugações mineiras. nem se espantam. Talvez se espantassem se ouvissem um: "não se preocupe", ou algo assim. A fórmula mineira é sintética. e diz tudo.

Até o tchau. em Minas. é personalizado. Ninguém diz tchau pura e simplesmente. Aqui se diz: "tchau pro cê", "tchau pro cês". É útil deixar claro o destinatário do tchau. O tchau, minha filha, é prôcê, não é pra outra entendeu?

Deve haver, por certo, outras expressões... A minha memória (que não ajuda muito) trouxe essas por enquanto. Estou, claro, aberto a sugestões. Como é uma pesquisa empírica, umas voluntárias ajudariam... Exigência: ser mineira. Conversando com lingüistas, fui informado: é prudente que tenham cabelos pretos, espessos e lisos, aquela pele bem branquinha... Tudo, naturalmente, em nome da ciência. Bem, eu me explico: é que, características à parte, as conformações físicas influem no timbre e som da voz, e eu não posso, em honrados assuntos mineiros, correr o risco de ser inexato, entendem?


sexta-feira, 6 de novembro de 2009

O livro/ filme ' O Leitor'

Sou tão fascinada pelo cinema que procuro canais na TV em que sempre há algum sendo transmitido. Vejo filmes bons, ruins, pela metade. Gosto de históricos, romances, drama, filosóficos, de algumas comédias, enfim de quase tudo, porque não gosto de violência de espécie alguma. O cinema é a magia que me desliga totalmente do mundo real!

Observa-se que, quando há livros transformados em filme, o que se nota é que primeiro se assiste ao filme e depois lê-se o livro. Ocorreu o inverso comigo, li o livro e assisti ao filme. Refiro-me a “O leitor” escrito por um alemão Bernhard Schlink, num estilo simples e emocionante.

Os personagens centrais são Hanna, magistralmente interpretada por Kate Winslet e Michael, um ator novo por mim desconhecido e cumpre com fidelidade seu papel, Ralph Fiennes. O autor narra com austeridade a história, sem diálogos desnecessários e com fluência nos emociona pela beleza interior que os dois personagens carregam com uma emoção contida e lírica. E o mesmo ocorre no filme que se passa numa Alemanha entre o pré e pós guerra.

Na Alemanha pós Segunda Guerra, o adolescente Michael Berg conhece Hanna, uma estranha com o dobro de sua idade. Hanna gosta de ouvir histórias lidas por Michael até que um dia ela desaparece. Anos depois, Michael reencontra com Hanna em um tribunal, onde ela é julgada por seu envolvimento com o nazismo.

Há no filme uma discussão jurídica, que versa sobre a natureza humana, a culpa dos alemães, o conflito de gerações, o dever moral de agir diante de uma injustiça, o direito de defesa e muito mais. O livro é bem mais rico que o filme muito embora o filme tenha se mantido fiel ao tema do livro.

Um romance maravilhoso sobre o amor, a compaixão e a vergonha. Sobre as feridas abertas e não cicatrizadas, sobre uma geração perseguida por um passado que não viveu, mas sob cuja sombra é obrigada a viver.

Livro e filme deslumbrantes, entre culpados e inocentes, com palavras e silêncios. Comovente, terno e de extrema beleza.

Enfim, recomendo tanto o livro quanto o filme.

domingo, 1 de novembro de 2009




Viver Despenteada 

Hoje aprendi que é preciso deixar que a vida te  despenteie,
por  isso decidi aproveitar a vida com mais  intensidade…

O  mundo é louco, definitivamente louco…
O que é  gostoso, engorda.  O que é lindo, custa  caro.
O sol que ilumina o teu rosto  enruga.
E o que é realmente bom dessa vida,  despenteia…
- Fazer  amor,  despenteia.
- Rir às gargalhadas,  despenteia.
- Viajar,  voar, correr,   entrar no mar, despenteia.
- Tirar a  roupa, despenteia.
- Beijar à pessoa amada,  despenteia.
- Brincar, despenteia.
-  Cantar até ficar sem ar, despenteia.
- Dançar  até duvidar se foi boa idéia colocar aqueles  saltos gigantes essa noite, deixa seu cabelo  irreconhecível…

Então, como sempre, cada  vez que nos vejamos
eu vou estar com o  cabelo bagunçado…
mas pode ter certeza que  estarei passando pelo momento mais feliz da  minha vida.

É  a lei da vida: sempre vai estar mais despenteada  a mulher que decide ir no primeiro carrinho da  montanha russa, que aquela que decide não  subir

Pode ser que me sinta tentada a ser  uma mulher impecável,
toda  arrumada por dentro e por fora,
O aviso de  páginas amarelas deste mundo exige boa  presença:
Arrume o cabelo, coloque, tire,  compre, corra, emagreça,
coma coisas  saudáveis, caminhe direito, fique séria…  
e talvez deveria seguir as instruções,  mas
quando  vão me dar a ordem de ser feliz?
Por acaso  não se dão conta que para ficar bonita
eu  tenho que me sentir bonita…
A pessoa mais  bonita que posso ser!

O único que  realmente importa é que ao me olhar no  espelho,
veja  a mulher que devo ser.
Por isso, minha  recomendação a todas as mulheres:

Entregue-se, Coma coisas gostosas,  beije, abrace,
dance, apaixone-se, relaxe,  viaje, pule,
durma tarde, acorde cedo, corra,
Voe, cante, arrume-se para ficar linda,  arrume-se para ficar confortável,
Admire a  paisagem, aproveite,

e acima de tudo,
Deixe a vida te despentear..
 
O pior que pode passar é que, rindo frente ao
espelho, você precise se pentear de novo.
( a.d )