terça-feira, 17 de abril de 2012

Recomeço

Estou recomeçando minha vida profissional. Há algum tempo doei meus livros didáticos e alguns literários. Foram sem que eu tivesse tempo de me arrepender, mas não aguento de saudade deles. Choro cada livro ido, saído pela janela, porque não tive tempo de dizer-lhes adeus. Hoje tento recuperar minha estante e o tempo está curto para tanta memória de tudo que joguei fora e não volta mais. Comprar é fácil, difícil é recompr a vida!

Nunca pensei que fosse sentir tanto a falta de folhas velhas, encardidas, visitadas pelo tempo e amareladas pelo manuseio contínuo de mãos vacilantes e impetuosas a caminho do saber.

Foi-se uma época de minha vida, ficou o vazio da transformação. Essa me pegou desprevenida, como todas as mudanças e não sei porquê lamento a existência de tão irriquietos pensamentos que me tonteiam e me fazem girar em torno do que ainda poderia fazer.

A realidade me chama para o presente e me conclama a virar essa página de minha vida. Recomeçar é a atitude certa de quem não resistiu ao apelo da mente e quer de novo restabelecer um vínculo com a sabedoria, com o conhecimento, com minhas vivências anteriores e poder jorrar tudo numa imensa união de mentes dispostas a receber o que de tão precioso não ocultei; de tão gratificante não segurei com toda minha força: meus livros. 

E cá estou eu novamente catando de minha memória o que de tão estonteante perdi e refazendo uma grande e enfileirada carreira de livros que vou conseguindo, à medida que vou me lembrando das horas, dias vividos em companhia real e feliz de uma estante que não volta mais.