Sou muito intensa, por isso vivo
intensamente cada momento de minha vida, tanto a dor como a alegria.
Ouço as cigarras cantando. Será que
elas cantariam tanto se soubessem que indo fundo poderiam morrer? O fato é que
elas cantam até morrer mesmo. E esse mesmo canto anuncia calor demais. Uma boa
nova para a natureza à custa de tamanho sacrifício. Hoje estive lendo textos de
Adélia Prado. Como ela também mergulha fundo em suas reflexões! É brilhante em
tudo que escreve e é uma pessoa cuja simplicidade transborda e nos faz pensar
que é mesmo uma pessoa sábia, conhecedora de sentimentos. A cigarra e ela têm
algo em comum. A cigarra se sacrifica por inteiro e Adélia sangra para
descobrir e ficar livre de todo sofrimento interior. E escreve e se livra.
Porque escrever é uma catarse.