segunda-feira, 24 de agosto de 2009

O eterno recomeçar

Li uma vez, em um cartão que mamãe recebeu, em comemoração aos seus 90 anos: ‘a alegria brilha nos olhos de quem sabe curtir a emoção de simplesmente viver. Viva com disposição e entusiasmo, fazendo o que gosta e realizando sonhos’.
O grande encontro em que conseguimos nos reunir foi o sonho realizado. Foi tão gratificante, bom que fiquei com ele na cabeça muito tempo e nem escrevi nada para marcar essa confraternização de uma família que não se via há uns bem cinco anos. Não queria estragar a lembrança que não me saía da mente e nem queria voltar à realidade de uma vida vivida com tão poucas pessoas em casa após um lar cheio de encontros e encantamentos pelas risadas, choros, graças e folia que a gente sabe não voltam mais, mas se realizam novamente nas gerações que nos sucedem ... " Refeição é devolução.Da mesma forma como o alimento devolve ao corpo os nutrientes perdidos, a presença dos que amamos nos devolve a nós mesmos. Sentar à mesa é isso. Nós nos servimos de alimentos e olhares. Comungamos uns aos outros, assim como o corpo se incorpora da vida que o alimento lhe devolve. A mesa é o lugar onde as fomes se manifestam e são curadas. Fome de pão. Fome de amor." (Pe Fábio de Melo em Quem me roubou de mim) Nosso encontro foi assim, um saciar de pão e presença que se fazia ausência há tempos! Planejamos tudo, minha irmã Adélia eu, nos mínimos detalhes! A cozinha foi pequena para tanta comida feita com prazer e energia, fez-me lembrar o filme “A festa de Babette” em que a protagonista prepara uma refeição para os membros de uma família. Seu contentamento maior foi olhar todos se deliciando com os pratos oferecidos. Para ela foi uma festa, assim como pra nós todos que participamos do encontro! Nunca mais haverá outro igual, mas haverá outros tantos daqui em diante! É interessante notar o amadurecimento daqueles com quem se conviveu durante uma vida inteira e ao chegar à casa materna se deliciam com ela, andando e verificando os cômodos, olhando cada pedaço da casa, cada móvel, paredes como se tudo falasse. E a certeza é que as coisas falam, como bem escreveu Sílvia Ortoff em seu livro infantil “A voz das coisas”... Um pedaço de coração de cada um deve ter ficado nessa casa quando partiram porque se casaram, ou foram em busca de trabalho, ao visionar novos horizontes e um pedaço desse coração ouviu a voz das coisas! E com que clareza, melodia, os filhos ouviram gargalhadas antigas, brincadeiras com gritos e choros. Ouviram a voz do vento que dizia estarem de volta a uma parte de sua infância que não teriam mais..Queriam passar aos descendentes a impressão de felicidade que viveram aqui, e os filhos aos filhos-netos a mensagem dos pais! Não há como descrever a emoção de cada filho retornar à casa dos pais após longo período sem visitá-la..Ah, lágrimas saltaram dos olhos...a sensibilidade dos que souberam apreciar o encontro foi nítida e eterna como são os grandes encontros familiares...Talvez tenha ficado alguém sem experimentar o bolo de nozes, outros deixaram de provar a torta de morangos e outros mais o bolo feito à moda antiga ou até de se deliciar com os casos lembrados...mas ninguém deixou de provar a emoção ao ver a família reunida para mais uma festa..e nosso pais estavam sorridentes olhando do alto a algazarra aqui acontecendo..e nos vimos abençoados mais uma vez pelas mãos daqueles que nunca deixaram de nos amar e realizar nossos sonhos ...e eles sorriram muito mais quando viram a família reunida e com firme propósito de se juntarem, mais uma vez..Quando? Numa data qualquer...

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