sexta-feira, 22 de outubro de 2010

A opção pelo simples

É surpreendente como a vida é cheia de tomada de decisões. Pelo menos vivo tomando as minhas. Pareço-me com o gênio Pardal, da história em quadrinhos, sempre tenho uma ideia. (Quanta pretensão, cada um há de pensar!) Acontece que minha imaginação não tem tamanho, minhas atitudes, às vezes, não me agradam e tenho que tomar uma providência. Explico.

Quando perdi meu pai, trabalhava, ainda, e meu trabalho me distraiu e, embora sentisse muito sua falta (meu luto durou exatos cinco anos), o tempo foi um remédio e tanto, e minha mãe viveu por mais quatorze anos.

Quando ela se foi, minha perda foi dupla, pois, foram-se, dessa vez, pai e mãe. Sofrimento dobrado. Coração partido em mil pedaços e sua reconstituição não sei até hoje se foi refeita. Cada um tem sua luta interna e nem sempre chega ao fim.

Para compensar sua ausência, minha carência, minha angústia e aflição, saí às compras. Em cada loja de roupa, sapato, acessório, farmácia, em qualquer local onde pudesse comprar algo, entrava e gastava. O resultado já se pode imaginar. Dívida no cartão, cheque especial, tudo saía de meu bolso como num passe de mágica. Minha vida se virou pelo avesso. Minha cabeça pirou e, em decorrência disso, tive que lançar mão de toda minha reserva (ainda bem que tinha alguma, hoje neca!)

Em todas as ocasiões difíceis, resumindo, eu consumia. Em vez de comida, coisas materiais; em vez de alimento espiritual, matéria. Não me arrependo, foi coisa de momento e o que não tem remédio, remediado está. Nada é definitivo nessa vida e para tudo há solução. Paguei minhas dívidas, acertei minha vida financeira e descobri que nada trazia meus entes queridos, e o que mais perdi de volta.

Neste momento de minha vida tomei mais uma decisão dentre as muitas já vividas e decididas. Optei pelo simples. Em vez de comprar, uso o que tenho. Em vez de choramingar pelos cantos, agradeço os cantos que tenho e em que guardo meus tesouros que me sobraram. Em vez de intolerância, mais benevolência, não apenas com os outros, mas também comigo mesma. Em vez de procurar defeitos, valorizo as qualidades seja nas pessoas ou em mim mesma. Procuro elevar minha auto-estima que, de quando em vez, abaixa. Em vez de procurar no ter, busco a espiritualidade, a paz, a harmonia, a convivência benéfica que pode nos transformar em seres melhores e mais saudáveis.

Busco hoje a saúde física e mental e vivo o amanhecer das manhãs, o calor/frio do dia, o anoitecer da esperança vivida de um período/fase de cada vez. Simplesmente.

Não me preocupo com que os outros pensam, tenho temor a Deus, gosto de animais e convivo muito bem com as pessoas. Amo a natureza, o mar, o sal, o sol, saio às ruas e não penso mais em consumir. Gosto de viajar e aprendi a fazer minha mala. Minha alimentação é saudável e saborosa (um bom vinho às vezes cai bem). Minhas lágrimas já consigo considerar como um dom, portanto, “não tenho tudo o que quero, mas amo tudo que tenho”.

Um comentário:

  1. É Tida, é a vida e você a descreve de uma maneira simples e maravilhosa. A impressão que se tem é de que elas, as palavras, fluem de sua mente MARAVILHOSAMENTE, com uma facilidade desse dom que Deus te deu: saber escrever!
    Parabéns Amiga!!!

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